“Meu filho, dê atenção à minha sabedoria, incline os ouvidos para perceber o meu discernimento. Assim você manterá o bom senso, e os seus lábios guardarão o conhecimento. Pois os lábios da mulher imoral destilam mel; sua voz é mais suave que o azeite, mas no final é amarga como fel, afiada como uma espada de dois gumes. Os seus pés descem para a morte; os seus passos conduzem diretamente para a sepultura. Ela nem percebe que anda por caminhos tortuosos, e não enxerga a vereda da vida” (Pv 5.1-6).
Assisti a um programa policial que contava a história de um rapaz que tinha um futuro promissor pela frente, sendo um ótimo aluno e uma pessoa talentosa e dedicada em tudo que fazia. Contudo, isso mudou quando conheceu uma linda mulher que, aparentemente carente e desprezada pelo marido, fazia-lhe promessas maravilhosas e o fazia se sentir o homem mais especial do mundo. Longe de ser sincera, ela deu um jeito de fazer seu marido saber do seu caso extraconjugal, de modo que, enlouquecido de ciúmes, ele matou o jovem amante e terminou seus dias na prisão, deixando a esposa livre para seguir sua vida conforme ela havia planejado.
Um novo capítulo começa em Provérbios e, diferente de outros que apresentam um leque de temas, esse se concentra nos assuntos da lascívia e da mulher sedutora, temas interligados entre si. O espaço contínuo gasto por Salomão tratando de tal tentação revela o tamanho da preocupação que o rei tinha com seu filho e com as grandes chances que ele, assim como as demais pessoas, tinha de cair nesse pecado e arruinar sua vida, sua família e sua carreira, algo que seria fruto de uma grande tolice. Por isso, ainda que o assunto do capítulo seja bem específico, a introdução apela para a necessidade de sabedoria, dizendo: “Meu filho, dê atenção à minha sabedoria, incline os ouvidos para perceber o meu discernimento. Assim você manterá o bom senso, e os seus lábios guardarão o conhecimento”. Esse é um chamado geral à sabedoria, como o livro faz muitas outras vezes. Mas, nesse caso, o sábio é visto no modo como lida com os encantos do sexo oposto, pelo que o escritor diz que “os lábios da mulher imoral destilam mel”, sabendo que o servo de Deus não pode se lambuzar nessa doçura.
Comparar os “lábios” dessa mulher ao “mel” pode significar muitas coisas, como a doçura dos seus beijos. Mas quando a frase seguinte diz que a “sua voz é mais suave que o azeite”, a ideia parece se concentrar em suas palavras e propostas sedutoras. Contudo, apesar de tal proposta amorosa parecer excelente quando ela a diz, “no final é amarga como fel, afiada como uma espada de dois gumes”, envenenando e ferindo quem as aceita. Como a mulher sedutora é também associada à mulher infiel, os resultados dessas aventuras tolas podem custar mais que simples chateações ao tolo, de modo que Salomão fala dessa mulher dizendo que “os seus pés descem para a morte; os seus passos conduzem diretamente para a sepultura”. A gravidade aumenta quando se percebe que todo esse perigo não é sempre fruto de um plano premeditado, mas também de tolice da parte da própria sedutora, sobre a qual se diz que “ela nem percebe que anda por caminhos tortuosos, e não enxerga a vereda da vida”, de modo que nem a sua aparente sinceridade é sinal de um bom e seguro caminho. Portanto, fique atento aos alertas da Palavra de Deus e fuja de propostas que, em vez de doces, mostram-se muito amargas, seja você homem ou mulher.