“A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao Senhor será elogiada. Que ela receba a recompensa merecida, e as suas obras sejam elogiadas à porta da cidade” (Pv 31.30,31).
Lembro-me de ler, há pouco mais de dois anos, uma reportagem sobre uma modelo brasileira que procurou um médico a fim de fazer uma cirurgia de implante de seios. Para ela, a aparência era algo muito importante e era impensável que o passar do tempo afetasse sua beleza. Por isso, estava disposta a fazer o que fosse preciso para se manter cada vez mais bonita. Infelizmente, ela sofreu uma parada cardíaca no meio da cirurgia e faleceu, deixando sua família inconsolável e todos que a conheciam ou que souberam da história com uma sensação de perda que andava de mãos dadas com esta pergunta: “Mas para que isso tudo?”.
Essa história triste é decorrente de uma vertente moderna que valoriza a aparência física acima de valores que deveriam ser priorizados. Os padrões de beleza têm-se elevado a tal ponto que quase ninguém mais se enquadra na categoria do “bonito” e as pessoas que conseguem alcançar esse patamar sofrem o que jamais precisariam sofrer em uma sociedade que cultivasse os valores divinos. Por isso, o último alerta que a sábia mãe de Lemuel dá para as mulheres tem relação com o apego à beleza, dizendo-lhes que “a beleza é enganosa e a formosura é passageira”. Além de ser a constatação da inevitabilidade do envelhecimento e da perda do vigor da juventude, essa afirmação tem uma intenção maior que simplesmente informar a respeito de um fato. Sendo a beleza algo passageiro, seu desejo é que a mulher virtuosa não se apegue a ela demasiadamente, mas tenha objetivos e valores mais elevados, ainda que o mundo ande em outra direção.
Isso não quer dizer que a beleza é ruim, mas que uma pessoa não deve ser avaliada com base na aparência e sim no seu relacionamento com Deus, pelo que se diz que “a mulher que teme ao Senhor será elogiada”. Isso quer dizer que, diferente da ideia moderna de avaliar as mulheres pelo seu rosto, pelo seu corpo ou por suas roupas, a mulher virtuosa chama atenção pelo seu bom procedimento, pelo que a rainha-mãe deseja “que ela receba a recompensa merecida e as suas obras sejam elogiadas à porta da cidade”. Que diferença entre os hábitos modernos! Entretanto, esse é um método muito mais interessante, em primeiro lugar porque nivela todas as pessoas, impedindo que sejam avaliadas por características sobre as quais elas não têm controle e sim por procedimentos que são de sua responsabilidade, e, em segundo, porque o relacionamento com Deus não separa as pessoas em pequenos grupos sociais, mas em grupos de salvos e ímpios, ou seja, entre pessoas que receberão a vida eterna e outras que receberão a condenação eterna. Por isso, leve esse alerta muito a sério! Afinal, “que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8.36).