“Há três seres de andar elegante, quatro que se movem com passo garboso: O leão, que é poderoso entre os animais e não foge de ninguém; o galo de andar altivo; o bode; e o rei à frente do seu exército” (Pv 30.29-31).
Marshall Cummings, da cidade de Tulsa, em Oklahoma, acusado de roubar uma bolsa, escolheu ser seu próprio advogado, apesar de alertas em contrário. Mas ele teimou em se defender por si mesmo, confiante de que seria capaz de fazê-lo. A verdade é que ele não foi muito bem-sucedido ao defender seu caso. Quando interrogou a vítima, ele perguntou: “Você conseguiu dar uma boa olhada no meu rosto quando eu tomei sua bolsa?”. O júri condenou Cummings por tentativa de assalto e lhe deu uma pena de prisão de dez anos. Pelo jeito, seu advogado era muito ruim.
A autossuficiência tola do Sr. Cummings também é um tema abordado por Agur, o qual tem como hábito o uso da figura numérica de grupos de “três” e “quatro” elementos. Dessa vez, oferece três bases de comparação que precedem a lição ao final. Se no provérbio anterior ele fez referência a animais fracos e insignificantes, dessa vez ele se vale de animais ferozes e imponentes, de modo a dizer que “há três seres de andar elegante, quatro que se movem com passo garboso”. O primeiro é “o leão, que é poderoso entre os animais e não foge de ninguém”, colocação que expõe não apenas sua força como também o temor que ele produz nos outros animais. O segundo é “o galo de andar altivo”, o qual, mesmo sendo relativamente pequeno, enfrenta animais muito maiores com grande valentia, sem falar no perigo que ele carrega em seus afiados esporões. O mesmo acontece com “o bode”, o qual não demonstra medo de outros seres e os enfrenta com fortes chifradas.
Toda essa valentia, confiança e ousadia animal serve de comparação para falar do ponto central do provérbio que é “o rei à frente do seu exército”. Colocado depois da lista de feras valentes, o rei surge como alguém autoconfiante em seu poder e pomposo como alguém vitorioso sobre todos os demais. É claro que essa força toda não vem dele mesmo, mas “do seu exército”, com o qual ele é tentado a se sentir imbatível. Por isso, o rei Davi pecou ao fazer a contagem do seu exército, buscando confiar nos números das suas espadas e não em Deus (2Sm 24; 1Cr 21). Assim, esse provérbio é um alerta contra o sentimento de autossuficiência. Se não há muitos exércitos hoje em que alguém possa se apoiar, isso costuma acontecer quando alguém tem dinheiro, influência, cargo de poder, apoio dos amigos e admiradores, bens e instrução. Mas quando o homem confia demais em si mesmo e nos seus sustentáculos, menos ele confia e depende de Deus, tornando-se arrogante em vez de humilde. Essa é a porta para a derrocada e para a humilhação. Não confie demais em você mesmo. Dizem por aí que aquele que defende por si só a sua causa, tem um tolo por advogado.