“Os violentos odeiam os honestos e procuram matar o homem íntegro. O tolo dá vazão à sua ira, mas o sábio domina-se” (Pv 29.10,11).
Muitos imperadores romanos tentaram destruir o cristianismo. Um deles, Diocleciano (244-313), foi particularmente violento em seu ódio contra a Bíblia e o cristianismo. Ele matou tantos cristãos, com crueldades tão ultrajantes, e destruiu tantas Bíblias, que muitos cristãos foram para a clandestinidade e se esconderam da sua ira. Quando parecia que Diocleciano tinha dado um fim a eles, cunhou uma medalha com os seguintes dizeres: “A religião cristã está destruída e a adoração dos deuses (romanos) está restaurada”. Felizmente, essa conclusão estava mais que errada. A única coisa verdadeira era o incrível ódio do imperador por pessoas que nunca lhe fizeram qualquer mal.
Isso, é claro, é um tipo de ódio bastante peculiar anunciado por Jesus quando disse que, “se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim” (Jo 15.18). Porém, é verdade o que Salomão ensinou, sob uma óptica mais larga, ao dizer que “os violentos odeiam os honestos”. Isso, em parte, deve-se ao próprio caráter violento desses homens ímpios. Mas também tem ligação com o sentimento negativo que o homem mau tem ao estar ao lado de um homem bom, pois a honestidade de um releva a maldade do outro, conforme o apóstolo que diz que “tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas” (Ef 5.13). Por isso, tal ódio mexe com os violentos, de modo que eles “procuram matar o homem íntegro”. A história está cheia de assassinatos motivados por razões semelhantes. É claro que nem sempre tal ódio resulta em morte, mas essa frase dá o tom da perseguição de todos os tipos que se forma nos maus contra os homens que servem a Deus.
É certo que muitas contrariedades nos tiram do sério e mexem com nosso sentimento de ódio, mas isso não quer dizer que todos atendam a esses impulsos de ira. O que Salomão faz questão de alertar a seus leitores é que “o tolo dá vazão à sua ira”. Significa que sua tolice não o permite manter seus impulsos sob controle, especialmente aqueles que ardem dentro dele pedindo pela destruição alheia. Por isso, ele se torna alguém que o Senhor condena e a quem reserva um severo juízo. Mas o servo de Deus, ainda que também tenha impulsos, não dá vazão a eles, pois Salomão diz que “o sábio domina-se”. Assim, além de não aumentar os problemas já existentes, nem dar lugar ao seu pior lado, o sábio que se recusa a tomar a vingança em suas próprias mãos tem do seu lado o juiz eterno e santo. Portanto, pense muito bem antes de explodir. Sua reação violenta será uma declaração nítida de que não há em você sabedoria ou temor do Senhor. A verdade é que, assim como o Império Romano viu seu ódio perder para o amor do cristianismo, temos de fazer a luz de Cristo brilhar hoje, espalhando luz no meio da escuridão de ódio e violência que conhecemos.