“O pecado do homem mau o apanha na sua própria armadilha, mas o justo pode cantar e alegrar-se” (Pv 29.6).
Há alguns anos, a justiça brasileira descobriu um esquema de corrupção ligado às multas de trânsito. Funcionários do órgão responsável pelas multas passavam informações para seus parceiros, advogados especializados em recorrer das cobranças pelas infrações de trânsito. Com isso, esses advogados sabiam como contornar as autuações e liberar seus clientes de pagar o valor total das multas ou, pelo menos, a maior parte dele. Feito isso, 3% do montante burlado ia para os funcionários que passavam as informações. Em dez anos, esse esquema deu um prejuízo de 19 bilhões de reais aos cofres públicos. É certo que esses criminosos tiveram uma década muito próspera. Porém, agora que foram descobertos, eles sofrerão muitas consequências que nunca esperaram, nem desejaram.
Essa é a história de muita gente que age por impulsos e que quer satisfazer seus desejos rapidamente. Quando não quer trabalhar e esperar o que for preciso para atingir seus objetivos, o tolo parte para soluções rápidas que não se prendem à moral, nem à ética e muito menos a Deus. Porém, apesar de parecer uma boa decisão a princípio, Salomão avisa que “o pecado do homem mau o apanha na sua própria armadilha”. Isso quer dizer que, ainda que durante algum tempo pareça que o crime compensa, um dia ele cobra seu preço e toma de volta tudo que deu ao ímpio, muitas vezes com altos juros. Por isso, ainda que o ímpio esteja vivendo o auge do seu pecado, ele sabe o que lhe pode acontecer e não consegue ter plena paz, nem tampouco uma felicidade que não precise ser paga pelos seus recursos. E quando seu pecado não consiste na obtenção desonesta de lucros, mas sim de agir com maldade para com outras pessoas, seu sentimento não é diferente, pois sabe que pode ser desmascarado e confrontado pelas autoridades, pelos inimigos e até por seus próprios amigos.
Por outro lado, “o justo pode cantar e alegrar-se”, segundo explica o escritor. A primeira razão para isso é que, apesar de não atender desenfreadamente seus desejos como o tolo, nem buscar se dar bem em cima dos outros, ele não tem que se preocupar em ser pego por ações ruins simplesmente porque não as pratica. Seu amor e temor por Deus inibem-lhe os pecados e permitem viver de modo digno e honrado, razão pela qual sua consciência tranquila lhe ajuda a aproveitar a vida de modo que nem o mais rico dos pecadores consegue. A outra razão do riso dos justos é saber que o Deus santo julga os maus, de modo que sua justiça prevalece no final, mesmo em tempos tão corrompidos como o nosso. É claro que a satisfação dos justos não é exatamente ver o mal dos pecadores, mas contemplar a justiça de Deus prevalecer — em parte agora e plenamente no futuro. Por isso, você tem de decidir logo de que lado quer estar: do lado dos pecadores que vivem bem por algum tempo, mas que depois sofrem as consequências da sua maldade, ou do lado dos servos de Deus, que, mesmo que passem privações agora, têm garantidos a vida a eterna e os deleites celestiais para todo sempre.