“A recompensa da humildade e do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida” (Pv 22.4).
Charles H. Spurgeon contou, certa vez, que João Calvino, ao ser banido de Genebra, disse o seguinte: “Com toda certeza, se eu tivesse simplesmente servido aos homens, teria recebido em troca uma pobre recompensa; mas minha alegria é que eu tenho servido àquele que nunca deixa de recompensar seus servos em toda a extensão de sua promessa”. Somente um olhar que sai do nosso tempo e que repousa sobre o futuro glorioso no qual os filhos de Deus estarão para sempre na presença do seu pai tem a capacidade de fazer aqueles que sofrem agora por amor ao evangelho prosseguirem com coragem e vigor.
Salomão aborda aqui o tema da “recompensa da humildade”. É claro que uma expressão desse tipo pode ser encaixada em muitas situações, causando confusão no leitor. Entretanto, o escritor associa o “temor do Senhor” à “humildade”. Com isso, ele mostra que tem algo mais específico em mente, no qual o servo de Deus sofre provações e perseguições sem se exasperar ou se vingar porque deseja honrar o Senhor por meio das suas ações. Assim, ele prefere conviver com as “consequências” de ser um homem transformado em uma sociedade corrompida. É por isso que Salomão utiliza no provérbio a palavra “consequência”, traduzida aqui como “recompensa”. É como se dissesse ao servo de Deus que, se ele sofre consequências temporais por ser fiel a Deus, haverá também consequências na eternidade na forma de uma “recompensa” dada pelo próprio Senhor a quem ele serve.
Para recompensar seus servos, Deus lhes preparou presentes maravilhosos. Se os bons servos sofrem privações neste tempo, o futuro lhes reserva uma “riqueza” que só pode ser imaginada por agora. Além disso, a humilhação que os cristãos sofrem nesta vida por causa do testemunho do nome de Cristo será transformada em “honra” quando eles estiverem na presença do Senhor. Por fim, se a riqueza e a pobreza deste mundo terminam quando a pessoa morre, o servo do Senhor tem garantida a “vida” eterna ao lado do seu mestre. É claro que alguém pode imaginar que essas bênçãos ocorrem nesta vida e não na eternidade, visto que muitas vezes Deus abençoa seus servos com prosperidade. Entretanto, o texto contrasta as condições descritas na primeira e na segunda cláusula a fim de manter a esperança do cristão no seu futuro glorioso. Portanto, cada um deve se perguntar se prefere uma vida humilde agora premiada com um futuro glorioso ou uma vida exuberante agora retribuída com um futuro tenebroso.