“No caminho do perverso há espinhos e armadilhas; quem quer proteger a própria vida mantém-se longe dele” (Pv 22.5).
Quando eu era criança, meu pai comprou um terreno de quase 4 mil metros quadrados em Atibaia e seus amigos de trabalho compraram todos os terrenos ao redor. Sendo todos amigos, havia portões que ligavam todas as propriedades de modo que era possível transitar por elas sem ter de utilizar a rua. A única exceção era um terreno quase no final desse bloco cujo dono demorou a construir. Para atravessá-lo, era preciso passar por duas cercas de arame farpado e um matagal no meio. Certo dia, indo até a última casa para brincar com amigos, passei por esse terreno. No meio do matagal ouvi um barulho e, olhando para trás, vi uma cobra vindo em minha direção com ares nada amistosos. Corri como um louco pelo mato e atravessei a cerca de arame farpado como se ela nem existisse. Foi a última vez que andei por esse caminho.
Assim como eu passei a evitar esse caminho perigoso pelo o resto da minha vida, Salomão também ensina seus leitores a evitar veredas danosas. Para tanto, ele ajuda o sábio a identificar as sendas nas quais há males que podem abatê-lo. Ele diz que “no caminho do perverso há espinhos e armadilhas”. Se os perigos são “espinhos e armadilhas”, males que muitas vezes estão ocultos à primeira vista, o modo de se precaver é olhar para quem anda por esse trecho. Se o perverso toma tal caminho, significa que não se encontram por ali ensinos sábios, valores morais ou temor ao Senhor, já que o ímpio rejeita tais riquezas. Do que o perverso gosta é justamente o que, com o tempo, acaba por destruí-lo e a todos quantos o acompanharem nessa jornada do pecado. Se um matagal indica a possibilidade de haver cobras venenosas, a presença do perverso indica risco espiritual e físico ao seu redor.
Enquanto o escritor dá esse alerta aos seus leitores, aqueles que são sábios, tendo sido tocados e edificados pelo Espírito Santo, aprendem a lição e tomam uma atitude apropriada. Assim, o rei sábio completa dizendo que “quem quer proteger a própria vida mantém-se longe dele”. Nessa versão, o significado da palavra “dele” se torna um pouco ambíguo, já que pode tanto apontar para o “perverso” como para o “caminho”. O texto hebraico, porém, mostra que o sábio foge dos perigos que há no caminho cheio de armadilhas. Entretanto, não há tanta diferença na aplicação final, pois, caso alguém deseje andar próximo demais do “perverso”, fatalmente o seguirá pelo caminho do mal e será mais uma presa dos seus espinhos. Desse modo, quem quer fugir do perigo deve também fugir do perverso. Por isso, não brinque com coisas sérias. Quando a Bíblia nos ensina a não mantermos comunhão íntima com os incrédulos, ela não o faz à toa. Cabe a você responder como tem obedecido a essa ordem sábia e justa.