“O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as consequências” (Pv 22.3; 27.12).
Há pouco mais de vinte anos, a casa em frente à minha sofreu modificações em seu projeto. O proprietário fez um tipo de varanda na parte superior da casa. Sem a orientação de um engenheiro ou um arquiteto, ele instruiu o pedreiro acerca do modo como ele queria que o serviço fosse feito. Terminado o trabalho, o pedreiro percebeu que não havia sustentação suficiente e se negou a tirar as escoras, alertando que viria tudo abaixo. Um jardineiro que trabalhava ali, porém, disse que estava tudo bem e que a laje aguentaria. O pedreiro discordou, mas o jardineiro, motivado por um otimismo vazio de quem não conhece construções a fundo, começou a tirar as escoras. De repente, tudo desabou. Corri rapidamente para lá a fim de ajudar, mas era tarde. Tudo que vi foi o jardineiro esmagado debaixo dos escombros.
O otimismo geralmente é positivo. Ele motiva e dá perseverança quando as circunstâncias tendem a abater os pessimistas. Entretanto, o otimismo, apesar de contrariar as primeiras impressões de uma determinada situação, costuma ser ancorado em verdades, sejam fatos, experiência pessoal, ou, no caso do cristão, o ensino das Escrituras. Quem reúne esses conhecimentos e os utiliza bem para nutrir seu otimismo é um homem sábio. Sendo assim, Salomão diz sobre ele que “o prudente percebe o perigo e busca refúgio”. Não se trata de um homem covarde, nem tampouco de um pessimista que não vê possibilidades de vencer dificuldades. Munido de conhecimento correto e consistente, ele sabe o tamanho de cada risco e sua capacidade de lidar com eles. Quando percebe que há possibilidade de ser abatido pelo perigo, sabiamente ele se refugia e mantém sua integridade.
O tolo age bem diferente, pelo que o escritor explica que “o inexperiente segue adiante e sofre as consequências”. O texto não diz que ele não percebe o perigo. Na verdade, a primeira cláusula mostra que o perigo é visto não somente pelo sábio, mas também pelo tolo. Ainda assim, ele segue em frente, demonstrando sua insensatez. Aqui temos um tipo diferente de otimismo, uma versão vazia dele que não é sustentada pelo conhecimento, mas pela arrogância. Por isso, o insensato faz frequentemente o que chamamos de “trocar os pés pelas mãos”. Sua aparente coragem nada mais é que pura tolice. Seu orgulho faz com ele pense que pode lidar com qualquer situação com suas próprias mãos. Não é preciso muito tempo para que o tolo perceba que não tem tal poder. E você? Tem esse poder? Seu otimismo é baseado no conhecimento de Deus ou nas suas impressões pessoais e em seu orgulho? Cuidado! Quando a laje cai, destrói tudo que há abaixo dela.