“Quem corrige o zombador traz sobre si o insulto; quem repreende o ímpio mancha o próprio nome. Não repreenda o zombador, caso contrário ele o odiará; repreenda o sábio, e ele o amará. Instrua o homem sábio, e ele será ainda mais sábio; ensine o homem justo, e ele aumentará o seu saber” (Pv 9.7-9).
Certa vez, ajudei a tomar conta de um grupo de crianças de dez a doze anos em uma programação recreativa. Dentre as atividades, havia um tipo de concurso de desenho. Os concorrentes se esforçavam para reproduzir a paisagem vista do alto do sítio em que estávamos. Obviamente, eles não tinham muita noção de perspectiva e foi preciso que eu desse algumas instruções para os participantes. Chamou-me a atenção a disparidade das reações de dois jovens que estavam um ao lado do outro. O primeiro, ao ser corrigido e instruído por mim no tocante à perspectiva do desenho, gostou do que aprendeu e me agradeceu com um sorriso muito alegre. O segundo deles, por alguma razão, se sentiu ofendido e diminuído com os conselhos e rasgou seu desenho, abandonando a brincadeira.
Quem dera esse procedimento tolo fosse exclusividade de crianças birrentas! Na verdade, os adultos são tão difíceis de corrigir quanto crianças. Por esse motivo, o texto avisa que “quem corrige o zombador traz sobre si o insulto; quem repreende o ímpio mancha o próprio nome”. Essa relação de causa e efeito não significa que corrigir alguém é errado, mas que os riscos de corrigir o tolo são grandes, pois sua tolice não quer ser educada ou repreendida, mesmo que seja para seu próprio bem. Por isso, o tolo que é repreendido costuma se defender atacando aqueles que o corrigiram. Ele reage assim, pois imagina que atacando, agredindo e difamando quem lhe apontou os erros é capaz de esconder sua falhas, tirando de si a atenção e jogando-a sobre o outro. Portanto, ainda que seja bom corrigir quem está errado, o conselho de Salomão é que o servo de Deus evite o tolo, pois, em vez de se corrigir e ser grato, ele permanecerá no erro e se vingará de quem tentou ajudá-lo, de modo que o escritor aconselha: “Não repreenda o zombador, caso contrário ele o odiará”.
Por outro lado, o sábio age de maneira bem diferente quando erra e é corrigido. Certamente, ele também não gosta da repreensão, mas entende para que ela serve e quais benefícios trará sobre sua vida. Diferente do início desse trecho, aqui o escritor diz: “Instrua o homem sábio, e ele será ainda mais sábio; ensine o homem justo, e ele aumentará o seu saber”. Parece irônico, mas a verdade é que, com a correção, o sábio fica mais sábio enquanto o tolo fica mais tolo. Por isso, Salomão não apenas indica como também responsabiliza o servo de Deus por ajudar o sábio que teme ao Senhor nesse sentido, ensinando-o quando erra na expectativa de que ele atenderá aos conselhos e fugirá do erro. Na verdade, o sábio que é corrigido não apenas acata a repreensão como também costuma reagir bem à correção, pelo que o escritor diz: “Repreenda o sábio, e ele o amará”. Com tais informações, o servo de Deus deve ser sábio para definir em quem e por quanto tempo ele investirá em termos de educação e correção, não apenas para sua proteção pessoal, mas também para a edificação daqueles a quem ele ensina. Nosso dever é buscar crescimento e não autoafirmação.