“Na mão direita, a sabedoria lhe garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honra. Os caminhos da sabedoria são caminhos agradáveis, e todas as suas veredas são paz. A sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado” (Pv 3.16-18).
Tive um colega de escola muito engraçado. Ele contava piadas o tempo todo e nos fazia rir até nas situações mais difíceis. Foi com humor que ele lidou com as dificuldades da sua própria vida. Várias vezes eu o vi sorrindo ao dizer que ele tinha de escolher entre dois “H”: o “horrível” ou o “horroroso”. Infelizmente, essas escolhas não eram tão alegres como seu sorriso. Mas isso acontecia por culpa dele mesmo, pois poucas vezes se esforçava e acabava colhendo os frutos do seu descaso. Ele dizia que queria ser como outro colega de quem ele falava que as decisões giravam em torno de dois “M”: o “maravilhoso” ou o “melhor ainda”. E essa análise era correta, já que se tratava de um jovem esforçado que, devido à sua dedicação, pôde escolher que faculdade cursar, que emprego aceitar, que salário escolher. Boas decisões levam a escolhas bem mais fáceis.
O livro de Provérbios não falha em alertar sobre os prejuízos e males gerados em função da tolice — aliás, os capítulos 1 e 2 fazem isso muito bem. Entretanto, esse é apenas um lado daquilo a que o livro se propõe. O outro lado é o anúncio dos benefícios produzidos pela sabedoria. Assim, Salomão diz que, “na mão direita, a sabedoria lhe garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honra”. Modo interessante de colocar as coisas, pois a mão ou o lado esquerdo não eram reservados para aquilo que tem maior honra. Ainda assim, o que há nela, em função da sabedoria, são “riquezas e honra”, benefícios desejados por todos. Será que os lados estão invertidos nesse provérbio? A resposta é não, afinal, na mão direita, ocupando um lugar de maior valor, está a “vida longa”, resultado de não ter sido tolhida por causa de escolhas insensatas. Assim, a ideia é que o sábio acaba colhendo bons frutos do seu plantio de respeito e submissão a Deus que se acumulam uns sobre os outros.
Os dois versículos seguintes desenvolvem melhor esse tema, só que na ordem inversa. Se ele começou falando sobre os benefícios futuros — a “vida longa” —, agora ele inicia versando sobre os efeitos benéficos do presente, dizendo que “os caminhos da sabedoria são caminhos agradáveis e todas as suas veredas são paz”, mostrando que o sábio consegue usufruir de vantagens obtidas pela obediência à Palavra de Deus, evitando sofrimentos desnecessários e sendo abençoado pela graça divina. Sobre os efeitos a serem colhidos no futuro, na forma de uma vida longa e saudável, Salomão diz que “a sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado”. A diferença entre as bênçãos da sabedoria e os efeitos das boas escolhas do meu colega é que, no caso dele, ele tinha de escolher o maravilhoso “ou” o melhor ainda, ao passo que o sábio colhe o fruto maravilhoso “e” o melhor ainda por conhecer e seguir os ensinos do Senhor nas Escrituras. Por isso, decida logo que tipos de escolha você pretende ter diante de você!