“Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, assim como o pai faz ao filho de quem deseja o bem” (Pv 3.11,12).
Quando eu era adolescente e jogava voleibol, tive dois técnicos muito rigorosos. Um deles, no meio de um jogo muito difícil, gritou comigo, dando-me uma severa bronca por estar me encolhendo diante das dificuldades. O impacto foi grande, mas eu entendi o objetivo daquelas palavras e me encorajei para continuar dando o meu melhor. No set seguinte, o técnico deu uma bronca parecida em outro jogador que, em vez de reagir positivamente, sentiu-se ofendido e deixou a quadra. Ele fez falta, mas eu lembro que meu rendimento aumentou muito e que viramos e vencemos a partida. Fiquei muito feliz por ter recebido aquela bronca.
A repreensão severa não é exclusividade de técnicos esportivos. Deus também não se omite em corrigir e disciplinar quando é preciso, com a diferença de que técnicos querem a vitória da sua equipe enquanto Deus quer a santidade e a edificação dos seus filhos. Por isso, Salomão afirma que “o Senhor disciplina a quem ama”. Assim, não a vitória, mas o amor move Deus a corrigir seus filhos, sabendo que, diante do erro e do desvio, a melhor expressão do amor paterno é a disciplina e não a condescendência. Muita gente pensa que Deus, sendo o pai celestial, devia relevar a conduta errada e pecaminosa dos seus filhos para provar seu amor por eles. Curiosamente, ninguém pensa que os pais devam fazer o mesmo com seus filhos, deixando-os à mercê dos seus gostos e vontades até serem destruídos. Prova disso é que todos se revoltam com pais irresponsáveis que deixam seus filhos pequenos brincar, por exemplo, com facas ou perto de lugares perigosos.
A verdade é que Deus, sendo o melhor exemplo paterno que há, age “como o pai faz ao filho de quem deseja o bem”, corrigindo-o para que permaneça no caminho do bem, da paz e da segurança. A boa notícia é que isso é uma prova do amor de Deus e uma ação eficaz no sentido de produzir arrependimento e retorno à santidade. A notícia ruim é que a disciplina do Senhor, assim como a dos demais pais, também dói — às vezes, mais ainda. Porém, assim como remédios amargos ou injeções dolorosas, o tratamento de Deus produz saúde onde há a doença do pecado. E é por essa razão que o escritor quer que seu leitor tenha a perspectiva correta da correção divina, dizendo “não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão”. É claro que pode acontecer de o filho de Deus, ao ser disciplinado, se revoltar com o Senhor e questionar seu amor. Mas esse texto ensina que a atitude correta não é transferir a culpa pessoal para Deus e sim aceitar a correção, mudando de caminho. O melhor que você pode fazer é aprender logo a lição e correr de volta para os amorosos braços do pai.