“Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho” (Pv 3.9,10).
Conta-se que, quando certo professor montou sua escola na China, um aluno ofereceu cinquenta xelins como taxa de matrícula, escrevendo um cartão ao professor que dizia: “Eu respeitosamente quero oferecer esses cinquenta xelins, juntamente com uma centena de reverências”. O professor devolveu o cartão com os seguintes dizeres: “Mude sua oferta para uma centena de xelins e cinquenta reverências!”. Essa é uma expressão do humor chinês que encontra um paralelo com a realidade: a necessidade que alguns trabalhos têm de sustento.
Essa necessidade continua e encontra muitos problemas em uma sociedade que se acostumou com estelionatários que usam capas religiosas para dar seus golpes, prejudicando a imagem e o sustento de quem realmente se dedica a servir a Deus. No passado não era diferente, pois o culto israelita demandava a existência de uma classe sacerdotal e o comprometimento da tribo de Levi nos afazeres no templo, cada um deles necessitando do seu sustento para poder se dedicar a tais atividades. Por isso, Deus também instituiu um sistema de ofertas. Entretanto, o homem sempre teve problemas nessa área desde que Caim quis oferecer os frutos do seu campo (Gn 4.3) em meio a uma vida de pecados (Gn 4.6,7), talvez como forma de tentar subornar o Senhor para que relevasse sua impiedade — tentativa, por sinal, fracassada. Por isso, a exigência divina é que a oferta fosse uma expressão genuína de adoração, pelo que Salomão diz: “Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações”. Com isso, o melhor devia ser oferecido, ao passo que o uso de “todos” os bens devia ser motivo de engrandecimento e glória a Deus.
Esse é um princípio que não parece ser nada misterioso ou difícil de entender. Mas sua sequência costuma ser malcompreendida, já que o escritor afirma que “os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho”. Isso faz muita gente imaginar que se trate de um tipo de barganha com Deus, na qual o servo dá sua oferta e a recebe de volta com juros. Mas isso não é verdade. Trata-se do bom relacionamento entre Deus e o servo, no qual o Senhor cuida amorosamente dos seus filhos enquanto eles o adoram com toda a sua vida, seu tempo, suas forças, sua dedicação e seus recursos financeiros. Por isso, Deus não cobra o melhor apenas dos recursos, mas também do tempo, das forças e da dedicação. Não é possível adorar ao Senhor com o que sobra do nosso dia, nem ler a Bíblia correndo ou orar quando já se está com sono. Deus sempre concedeu o melhor amor e cuidado aos seus. Não é muito pedir que seus servos o honrem da melhor maneira possível.