“Não convém aos reis, ó Lemuel; não convém aos reis beber vinho, não convém aos governantes desejar bebida fermentada, para não suceder que bebam e se esqueçam do que a lei determina, e deixem de fazer justiça aos oprimidos. Dê bebida fermentada aos que estão prestes a morrer, vinho aos que estão angustiados; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza, e não mais se lembrem da sua infelicidade” (Pv 31.4-7).
Alexandre, o Grande, se tornou governador da Macedônia aos 16 anos; um general vitorioso, aos 18; rei, aos 20; e morreu como um bêbado antes de completar 33 anos. Ele dominou o mundo conhecido de então, mas não a si mesmo. Conta a história que Alexandre começou a bebedeira em uma segunda-feira à noite, com vinte pessoas à mesa, na Babilônia. Ele bebeu à saúde de cada pessoa. Depois disso, pediu uma taça de Hércules, que tinha uma enorme capacidade. Ele a encheu e bebeu tudo. Em seguida, Alexandre voltou a encher a enorme taça e sorveu todo seu conteúdo, caindo no chão logo em seguida. Acometido de febre, alguns dias depois já estava morto.
É impressionante o número de grandes homens que viram a própria ruína por causa da bebida. Por isso, a mãe zelosa diz ao filho que “não convém aos reis beber vinho, não convém aos governantes desejar bebida fermentada”. Esse é um alerta contra o alcoolismo, mas não do ponto de vista puramente médico. A preocupação da mãe sábia era que, ainda que a saúde do filho estivesse perfeita, ele se embriagasse e agisse mal como rei, pelo que ela explica que pode “suceder” aos reis que eles “bebam e se esqueçam do que a lei determina e deixem de fazer justiça aos oprimidos”. Afinal, a perda dos sentidos plenos pode fazer falta em momentos cruciais, comuns a pessoas com as responsabilidades e prerrogativas de um rei. Mas não são apenas os reis que perdem o juízo com a bebida, causando problemas e destruição, de modo que o conselho não se limita aos governadores, mas a todos os filhos e filhas cujas mães sábias lhes aconselham do mesmo modo.
Curiosamente, enquanto ela ensina que o rei deve se afastar da bebida, ela também lhe diz: “Dê bebida fermentada aos que estão prestes a morrer, vinho aos que estão angustiados”. Por que algo que seria mau para o rei seria bom para o angustiado? Ela explica que tal ato serve “para que bebam e se esqueçam da sua pobreza e não mais se lembrem da sua infelicidade”. Assim, ela reforça o fato de que a embriaguês é inapropriada para pessoas responsáveis e com objetivos elevados. Pessoas assim não devem se esquecer dos seus deveres, nem dos valores nobres que se espelham no Rei dos reis. Eles não podem perder seus sentidos, os quais devem estar atentos aos perigos que o circundam e às oportunidades de servir a Deus. Eles não podem se descontrolar e sucumbir às tentações ou aos enganos, pois as consequências são terríveis e dolorosas. Também não podem ser dominados pela bebida, mas têm de se dominar. Não devem depender do álcool, mas depender o tempo todo do Senhor. Vencer na vida não significa ter um copo cheio, mas ser cheio do Espírito Santo.