“Onde não há revelação divina, o povo se desvia; mas como é feliz quem obedece à lei!” (Pv 29.18).
Há pouco tempo, uma festa universitária terminou em tragédia. Alguns alunos participavam de uma competição de ingestão de bebida. Depois de mais de trinta doses de vodca, três estudantes entraram em coma alcoólico e foram tratados, mas o quarto rapaz acabou morrendo. A partir de então, começou a busca pelos culpados. A universidade disse que a festa ocorreu fora do campus. Os organizadores disseram que não obrigaram ninguém a beber. Familiares do garoto morto disseram que ele foi influenciado pelos demais. Alguém será responsabilizado por isso, mas a verdade é que o problema é maior que uma festa pontual. Vivemos em uma sociedade que abandonou a Deus e que vive para fazer seus próprios gostos — e, às vezes, morre fazendo isso.
Quem dera esse fosse o único tipo de problema sofrido em um mundo sem Deus! E ninguém deve se iludir achando que esse é um problema da modernidade, pois três milênios atrás, Salomão preveniu seus leitores de que, “onde não há revelação divina, o povo se desvia”. Calma! Não se trata de nenhum tipo de revelação neopentecostal ou algo assim. A expressão “revelação divina” nos tempos bíblicos aponta para a própria Bíblia, pois ela é o resultado final da revelação de Deus por meio dos escritores bíblicos. Assim, é o mesmo que dizer que, “onde não há ensino bíblico, o povo se desvia”. Não significa apenas a ausência desse ensinamento, mas a própria rejeição do dono das Escrituras, o Deus santo. Quer dizer que as pessoas se rebelam contra a vontade do Criador para fazer sua própria vontade, sem lhe dar qualquer satisfação ou lhe obedecer aos desígnios. O resultado, por mais que o homem se julgue sábio e autossuficiente, é que “o povo se desvia” e as consequências não são baratas — basta assistir a um telejornal para se ter uma ideia do custo do pecado e da rebelião contra o Senhor.
É claro que o mundo perdido se desvia da Palavra de Deus por achar que assim será feliz. Mas isso não é verdade, o que é possível notar quando Salomão, depois de anunciar o desvio do povo, exclama: “Como é feliz quem obedece à lei!”. Essa frase mostra que os servos de Deus não se desviam, mas encontram o sentido da vida ao seguir o Senhor. Mas ela também demonstra que o desvio do mundo não produz verdadeira alegria ou paz, razão pela qual um grande vazio cresce naqueles que rejeitam Deus. É por isso que os incrédulos buscam cada vez mais a alegria e a satisfação mundana, rompendo todos os limites possíveis e cometendo loucuras destrutivas, como beber mais de trinta doses de bebida. Mas a felicidade verdadeira não vem dessas coisas, nem é autodestrutiva. Ela vem a quem “obedece à lei” de Deus, o que, longe de ser um ato legalista — “lei” era o nome dado às instruções divinas no Antigo Testamento —, é manter comunhão com o Senhor por meio da fé em Cristo, atendendo, em consequência disso, às suas orientações. Somente quem anda com Deus sabe de verdade como é tal felicidade. Para quem não conhece, sempre há uma dose a mais.