“Quem leva o homem direito pelo mau caminho cairá ele mesmo na armadilha que preparou, mas o que não se deixa corromper terá boa recompensa” (Pv 28.10).
Um colega de classe do meu curso ginasial quis passar a perna nos seus companheiros de equipe que se esforçaram para realizar um trabalho conjunto. Quando todos entregaram o trabalho escrito, esse aluno procurou o professor em particular e disse que a divisão de tarefas não tinha sido justa, de modo que ele teria sido o responsável por 90% do trabalho — o que era mentira. Sua intenção era receber uma nota melhor que os outros. Para garantir o sucesso do golpe, ele pediu ao professor que não revelasse a informação, pois ele temia os colegas. O professor acreditou nas razões para tal temor e realmente não contou à classe o que ouviu. Mesmo assim, anulou o trabalho do grupo, o que prejudicou todos, inclusive o aluno trapaceiro e mentiroso. Pode-se dizer que ele caiu em sua própria armadilha.
Quando eu soube dessa história, vários meses depois, imediatamente fiquei zangado pelo prejuízo que a equipe — formada por vários amigos — sofreu por causa do egoísmo de uma pessoa. Mas meu segundo sentimento foi de satisfação por, de algum modo, ter-se feito justiça quando o trapaceiro também foi prejudicado. A verdade é que a Bíblia faz alguns alertas às pessoas que prejudicam os outros para obter benefícios pessoais. Aqui, Salomão fala daquele que “leva o homem direito pelo mau caminho”. Significa ludibriar alguém decente para que faça algo que normalmente não faria, o que o leva a ser prejudicado. É claro que se trata de um tipo de ataque. Mas diferente daquele que ataca abertamente, esse traidor finge ser amigo para enganar e conduzir o justo por um caminho mau e para um destino infeliz. Porém, o que parece um plano bem-sucedido a princípio, pode se tornar uma cova na qual o traidor cai, visto que o escritor afirma que “cairá ele mesmo na armadilha que preparou”.
É claro que o trapaceiro cai nessa cova levando consigo aqueles que enganou, assim como no caso dos meus colegas de classe. Essa é mais uma razão pela qual os justos devem se esforçar para não cair, mesmo que por meio de enganos e trapaças. Por isso, o rei sábio completa dizendo que “o que não se deixa corromper terá boa recompensa”. Infelizmente, os danos não recaem apenas sobre quem se desvia conscientemente, mas também sobre os que são enganados. O servo de Deus deve diligentemente buscar a sabedoria revelada na Palavra de Deus para manter-se firme nesse mundo traiçoeiro e se blindar contra os enganos e quedas, para os quais não há desculpas. Por outro lado, as Escrituras prometem punição para esse tipo de enganador que desvia justos dos caminhos do Senhor. O próprio Jesus, com muito mais dureza que Salomão, diz que “se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar” (Mt 18.6). Tem certeza de que quer cavar sua própria cova?