“Ouvimos a mensagem que veio da parte do Senhor e um mensageiro foi enviado às nações” (Obadias 1b).
Esse trecho, do primeiro versículo de Obadias, é a sequência da frase: “Visão de Obadias. Assim diz o Senhor Deus a respeito de Edom”. Depois da fórmula “assim diz o Senhor Deus”, certamente não esperamos que a mensagem pareça vir de outra pessoa que não o próprio Deus. Mas é justamente o que acontece, pois é dito que “a mensagem que veio da parte do Senhor” chegou aos seus ouvintes. Ao utilizar o verbo no plural, a imagem que se faz é a do profeta, diante do povo de Israel, anunciando a visão que recebeu de Deus, contendo sua avaliação sobre o procedimento dos edomitas e suas promessas de juízo a esse povo, além de promessas de reparação aos israelitas em um futuro escatológico. Desse modo, o profeta se une ao povo no recebimento da visão, não por sentimento ou propaganda nacionalista, mas por integrar o povo da aliança, a quem Deus pune quando é infiel, mas a quem ele também protege dos inimigos a fim de manter as promessas pactuais e as profecias escatológicas.
Na sequência, o profeta, agora designado como “um mensageiro”, recebe mais um encargo proclamatório dirigido “às nações”. Ele é “enviado” por Deus a anunciar que os demais povos teriam participação na punição de Edom (vv.7-10), servindo como instrumento de Deus. Nesse ponto, é impossível não notar a relação entre a “mensagem que veio da parte do Senhor” e a missão do “mensageiro... enviado às nações”. Dificilmente Obadias percorreu os países adjacentes levando tal mensagem, mas o registro dela permaneceu e se multiplicou, chegando ao conhecimento crescente dos povos e, inclusive, chegando a nós. Do mesmo modo, vários profetas registraram profecias da parte de Deus que visavam a povos ao redor de Israel, mas que foram registradas nos livros bíblicos para conhecimento e uso do povo de Israel. Mesmo assim, é interessante notar, nas Escrituras, como esse conhecimento chegou a pessoas e nações dos dias antigos, seja pelo anúncio aos ninivitas, registrado no livro de Jonas, seja pelas informações transmitidas a Ciro sobre predições que anunciavam seu nome e feito, escritas dois séculos antes, por Isaías (Is 44.28; 45.1,13; 48.14), ou as anunciadas várias décadas antes, por Jeremias (2Cr 36.22), de modo que Ciro cumpriu o papel determinado por quem ele, com conhecimento, chamou corretamente de “Senhor, rei dos céus” (2Cr 36.23).
Verdades como essas devem nos fazer refletir seriamente, pois Deus pronunciou muitas outras palavras e nos encarregou de sermos seus mensageiros, com a missão de proclamar tais verdades a pessoas de todas as nações. O Senhor separou e beneficiou a igreja de Jesus Cristo e a incumbiu da missão, conforme disse Pedro, “de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Na verdade, Jesus, quando subiu aos céus, disse que seus discípulos receberiam poder, ao descer sobre eles o Espírito Santo, de modo que o ministério de testemunhar o evangelho seria crescente, começando em “Jerusalém”, depois na Judeia (região onde Jerusalém se encontra), depois em Samaria (ao norte da Judeia) e, por fim, até os confins da Terra, o que engloba todo o mundo (At 1.8). Nesse sentido, essa missão ainda tem seu cumprimento nos nossos dias e em todos os lugares, devendo ser nossa tarefa pessoal anunciar às pessoas as boas novas da salvação em Jesus Cristo. Por isso, este texto de Obadias não é apenas uma história bíblica ou mais um conhecimento a ser somado e arquivado em nossas mentes, mas o lembrete de uma missão pessoal e, também, institucional, como igreja de Jesus, que temos da parte do Senhor. Você tem cumprido essa missão? Tem sido “um mensageiro enviado às nações”?