“Melhor é o pobre íntegro em sua conduta do que o rico perverso em seus caminhos” (Pv 28.6).
Um rapaz de dezesseis anos, chamado William, saiu de casa para tentar a sorte carregando em um pequeno pacote tudo que possuía. Ele conheceu um velho capitão e lhe disse que era pobre e que a única coisa que sabia fazer era sabão. O capitão orou pelo menino e lhe deu o seguinte conselho: “Alguém, em breve, será o principal fabricante de sabão de Nova York. Pode ser você, assim como outra pessoa. Por isso, seja um bom homem, entregue seu coração a Cristo, dê ao Senhor tudo que pertence a ele e faça um sabão honesto, vendendo o quilo correto”. O rapaz chegou à cidade e se lembrou das palavras do capitão. Além disso, uniu-se a uma igreja, conseguiu um emprego regular e logo se tornou parceiro e, posteriormente, proprietário de um negócio. Ele produziu sabão honesto, foi fiel e generoso em suas ofertas a Deus e sempre foi um homem honesto. Essa é a história de William Colgate (1783-1857), fundador da famosa empresa que leva seu nome.
Essa não é apenas a história de um bem-sucedido e próspero homem de negócios, mas também a história de um rapaz pobre e honesto, o qual trabalhou duro e de modo justo até que crescesse na vida, abençoado por Deus. Por isso, podemos notar que Salomão tinha razão ao dizer que “melhor é o pobre íntegro em sua conduta do que o rico perverso em seus caminhos”. Deve-se notar que a ênfase não está no contraste entre o “pobre” e o “rico”, de modo que não há certo e errado em ter ou não ter posses. O contraste principal se faz entre o “íntegro” e o “perverso”. Diferente do que pensa o mundo, que valoriza os bens mais que as virtudes, o texto mostra que o caráter é mais importante que a condição social, dizendo ser preferível a “conduta” de um “pobre íntegro” que os “caminhos” de um “rico perverso”. É claro que muita gente discordaria disso e preferiria ser um desonesto rico a ser um justo pobre, especialmente porque a impunidade é muito frequente em nosso país.
Porém, quem escreveu o provérbio não o embasou nas leis e práticas dos homens, mas no conhecimento que tinha a respeito de Deus. Mesmo sendo rei de Israel, Salomão sabia que estava abaixo de um rei soberano, poderoso e justo como nenhum homem pode ser. Por isso, ainda que o justo seja pobre, o escritor sabe que ele está sob as bênçãos e os cuidados de Deus, podendo vir ou não a ser rico em função disso, mas certamente sendo guiado, amado e provido pelo Senhor. Por outro lado, está implícito no provérbio que as riquezas não garantem a segurança que o perverso imagina, pois ele está à mercê de um juiz cujo tribunal não é desse mundo, nem é corruptível como aqueles que se vendem por dinheiro e influência. Por isso, valorize mais o caráter que os bens. Posses são coisas que Deus pode prover conforme seus propósitos, de modo que sua ausência é apenas parte de um plano maior. Mas a falta de caráter é uma mancha que nem o melhor sabão do mundo pode lavar.