“Não se gabe do dia de amanhã, pois você não sabe o que este ou aquele dia poderá trazer” (Pv 27.1).
Assisti a um vídeo que trazia uma lição embutida em suas imagens. Tratava-se de uma corrida em um estádio olímpico. Sendo um percurso longo, aconteceu de o 1º colocado ter aberto uma grande vantagem sobre os demais. Na última reta, ele surgiu com muita vantagem, de modo que já considerava certa a vitória. Mas seu erro foi não olhar para trás. O 2º colocado, que estava muitos metros atrás, deu um sprint final impressionante e encurtou a distância cada vez mais. Enquanto ele aumentava a velocidade, o 1º colocado, já contando com a vitória, diminuiu o ritmo. No último metro houve uma inversão de posições e o corredor que dava a vitória como certa teve de se contentar com o 2º lugar.
Muitos competidores e times já viram a vitória escorrer por entre os dedos simplesmente por contarem com o triunfo cedo demais. Mas, por mais triste que seja uma derrota esportiva, não passa de um contratempo. Difícil mesmo é quando isso ocorre na vida real, ou seja, nas circunstâncias que envolvem as responsabilidades e decisões mais importantes da vida. Por isso, Salomão dá um importante conselho que diz “não se gabe do dia de amanhã”. A palavra “amanhã” aqui não tem a intenção de apontar apenas para o dia seguinte, mas para o futuro de modo geral. Mais precisamente, o escritor tem em mente apontar conquistas futuras que o tolo já tem como certas, desconsiderando fatores aos quais todos devem atentar, como revezes, mudanças de planos, imprevistos e — o mais importante — o controle soberano de Deus. Por mais que o tolo imagine dominar tudo que ocorre, é avisado de que ele “não sabe o que este ou aquele dia poderá trazer”.
Além de Tiago (Tg 4.13-16), o próprio Jesus abordou essa questão se referindo a um senhor de terras que obteve uma colheita farta que o fez confiar seu futuro a seus próprios bens, dizendo consigo mesmo “você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se” (Lc 12.19). Para ele, sua riqueza era garantia de segurança, bem-estar e sucesso. Entretanto, Jesus não considera esse homem alguém bem-aventurado, mas um “insensato”, dizendo que “nesta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?” (Lc 12.20). Isso não quer dizer que as riquezas são ruins. Elas apenas representam falsa segurança para aqueles que não têm o verdadeiro tesouro da salvação, pelo que Jesus conclui explicando que “assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus” (Lc 12.21). Por isso, coloque sua inteira confiança em Deus e ande na sabedoria que ele ensina. Ele cuida do resto.