“Não há sabedoria alguma, nem discernimento algum, nem plano algum que possa opor-se ao Senhor. Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, mas o Senhor é que dá a vitória” (Pv 21.30,31).
A guerra do Vietnã (1959-1975) foi um conflito bastante desigual. De um lado, o Vietnã do Norte com um contingente militar numeroso. De outro, os Estados Unidos — a partir de 1964 — com um poderio militar muito superior, incluindo armamentos poderosos que atacavam por terra, mar e ar. Surpreendentemente, mesmo com todos os recursos a seu favor, o exército americano acabou perdendo a guerra e teve seus planos de supremacia frustrados por um exército menos armado e mal-alimentado. Muitas vezes, mesmo os homens ou os governos mais poderosos são impedidos de alcançar seus objetivos. Significa que nenhum homem é soberano em seus atos e conquistas.
Se o poder humano não pode garantir as vitórias, o poder de Deus funciona de modo bem diferente. Sua força ilimitada não lhe dá apenas boas chances de vitória, como ocorre aos homens. Ele é eficaz em levar a cabo tudo que planeja e deseja. Por isso, “não há sabedoria alguma, nem discernimento algum, nem plano algum que possa opor-se ao Senhor”. Significa que não importa o quanto o homem seja capacitado para lidar com qualquer situação. Quando seu oponente é o próprio Deus, a experiência e as táticas humanas não valem de nada. Esse é um conceito que Jó conhecia muito bem, visto que disse o seguinte ao Senhor: “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). A verdade é que Deus não disputa com homens. Ele apenas os governa. A teologia dá a isso o nome de “soberania”. Mas ela não serve apenas para o Senhor se defender das táticas de inimigos, sejam humanos ou angelicais.
A soberania também permite a Deus dirigir tudo que ocorre, desde os mais fortuitos eventos até aqueles acontecimentos que mudam o rumo da história. Por isso, ainda que se prepare “o cavalo para o dia da batalha”, no sentido de o homem tomar todas as providências para um embate, o fato é que somente “o Senhor é que dá a vitória”. É claro que uma ação tão grandiosa e complexa como essa não pode ser compreendida por seres limitados como nós. Além disso, as Escrituras calam sobre os detalhes de como Deus processa seu controle sobre a humanidade. Mas o certo é que não estamos em uma loteria, muito menos em meio a uma queda de braço entre Deus e o diabo, ou algo assim. O fato de não entendermos os detalhes do plano divino não anula a veracidade do controle do Senhor soberano, nem das suas promessas. A nós cabe o privilégio e o dever de confiar nele de todo coração e descansar em tão grande sabedoria e poder.