“O sacrifício dos ímpios já por si é detestável; quanto mais quando oferecido com más intenções” (Pv 21.27).
O papa pediu a um bispo dominicano para resolver uma questão séria em Florença, na Itália, relativa aos sermões do reformador Jerônimo Savonarola (1452-1498). O bispo, então, disse haver mérito nas acusações de Savonarola quanto aos clérigos manterem concubinas, cometerem simonia e serem licenciosos. Sendo assim, perguntou o que deveria dizer diante de tais assuntos. O papa simplesmente disse: “Suborne-o com um chapéu vermelho, fazendo dele um cardeal”. Savonarola recebeu o mensageiro papal e por três dias ouviu seus argumentos, sem, contudo, se convencer. Então, o bispo lhe ofereceu o suborno. Savonarola respondeu: “Ouça o meu sermão de amanhã, pois nele estará a minha resposta”. Quão grande foi a surpresa do emissário ao ouvir de púlpito denúncias mais ousadas do que nunca! A certa altura, Savonarola exclamou: “Nenhum outro chapéu vermelho terei além do martírio, colorido com meu próprio sangue”. Se um homem de Deus odeia o suborno, imagine o que sente o próprio Senhor santo e justo.
Há uma gritante contradição no fato de pessoas que desprezam Deus e a salvação que ele oferece por Jesus Cristo desejarem participar nominalmente de celebrações feitas ao nome do Senhor. Um exemplo disso é a busca por igrejas e ministros de Deus que façam o casamento de noivos que nunca sequer vão a uma igreja e que rejeitam todos os ensinos dados pelos mesmos ministros. Entretanto, essa esquizofrenia na prática religiosa por parte dos homens não é partilhada por Deus. Para o Senhor santo, ou alguém está do lado dele ou contra ele. Por isso, quando se trata de incrédulos, ainda que pratiquem alguma atividade religiosa, para Deus “o sacrifício dos ímpios já por si é detestável”. Isso quer dizer que ele não aceita o culto de pessoas que não se entregaram a ele por inteiro, nem creram em Jesus Cristo como seu único salvador. Não há um modo de desrespeitar a Deus com uma mão e honrá-lo com a outra. Ele não aceita o suborno dos homens.
Se a visão divina é essa quando incrédulos tentam agradá-lo, imagine só quando isso é feito com segundas intenções! Se o Senhor detesta o culto feito de modo falso e vazio por quem não crê em Cristo, “quanto mais quando oferecido com más intenções”. Pois é exatamente isso que vemos em muitos movimentos atuais que inadvertidamente chamam a si mesmos de igreja. Salões cheios de gente que está ali não por crer e buscar a Deus, mas para obter vantagens pessoais como prosperidade, cura, casamento e outras bênçãos. Para os tais, o Senhor é apenas um instrumento que, se utilizado do modo correto, pode lhes dar o que desejam. Acredite: Deus odeia profundamente essa atitude, tanto dos falsos pastores que vendem bênçãos, como daqueles que estão ali apenas por egoísmo e não para adorar a Deus. Portanto, olhe para dentro de si e note quais são seus interesses ao buscar o Senhor. E não adianta racionalizar ou dar desculpas: Deus sabe perfeitamente a resposta.