“Melhor é viver no deserto do que com uma mulher briguenta e amargurada” (Pv 21.19).
Uma mulher irritada escreveu a um colunista reclamando de que seu marido estava morando em uma casa na árvore. Na verdade, o marido construiu a casa da árvore e se mudou para ela a fim de fugir do constante incômodo causado por sua esposa. A mulher se queixou de que a casa da árvore estava em um local em que os transeuntes podiam ver seu marido e que isso se tornou motivo de vergonha para ela. Porém, enquanto ela ficava atrás de portas fechadas, o marido aproveitava para se balançar alegremente em uma rede na varanda, conversando com curiosos — o que, para ela, era ainda pior. Para resolver esse problema, o colunista aconselhou a mulher a sair da casa e continuar a chatear seu marido.
Uma das maiores mentiras que existem é que apenas as mulheres complicam o relacionamento. Os homens são muito bons para tornar o casamento uma união sem harmonia e sem paz. Por isso, Salomão bombardeia os homens, como líderes santos e sábios que devem ser em seus lares, com ensinos e correções que lhes são relevantes. Mas um lar só tem equilíbrio se marido e esposa trabalham juntos para alcançar o mesmo bem. Assim, do mesmo modo que no v.9 desse capítulo, o escritor aborda a questão da “mulher briguenta”, acrescentando à sua figura a condição adicional de ser “amargurada”. Apesar de ela surgir como figura central do provérbio, nesse caso o ensino parece ser dirigido primariamente a homens solteiros e não a mulheres casadas. A eles é dito que “melhor é viver no deserto do que com uma mulher” assim.
Não é preciso muito esforço para associar essa frase ao dito popular que defende que “é melhor estar só do que mal-acompanhado”. Por isso, o texto apresenta o pano de fundo de um “deserto”. O vazio de um deserto é a comparação, nesse versículo, com a solidão de se viver só, sem se casar. A maioria das pessoas que não se casaram pode falar com propriedade das dificuldades que passa por estar só. Mas, ainda assim, essa é uma condição melhor a um homem solteiro que ser casado com uma mulher cuja amargura impregna o lar do casal, acabando com qualquer tipo de paz e usufruto do casamento. Portanto, cada rapaz deve ser paciente e sábio na escolha de sua futura esposa, não se deixando levar apenas por valores secundários e passageiros, mas também pelo caráter da mulher. Quanto às mulheres, cada uma deve seriamente se policiar para que nunca seja classificada com razão de “briguenta e amargurada”. O casamento é belo demais para ser envenenado por algo assim.