“O ímpio serve de resgate para o justo, e o infiel, para o homem íntegro” (Pv 21.18 NVI). Em setembro de 1974, quinze terroristas vestidos como policiais e funcionários de uma empresa de telefonia pararam uma limusine nas ruas de Buenos Aires. Eles executaram o motorista e um passageiro no banco da frente, que era o gerente da maior empresa da Argentina, a Bunge & Born. Os terroristas, em seguida, sequestraram os proprietários da empresa, Jorge e Juan Born. Vários jornais do mundo publicaram anúncios de página inteira nos quais os sequestradores, membros do movimento Montoneros, haviam considerado os irmãos Born culpados de crimes de exploração cometidos pelo seu monopólio multinacional. Eles só foram libertados mediante o pagamento de um resgate de 6 milhões de dólares, além da distribuição de 1milhão de dólares em mercadorias para aldeias, fábricas, escolas e hospitais.
Salomão conhecia bem o conceito de um resgate e o utiliza para fazer uma comparação dramática entre o justo e o injusto. A palavra hebraica traduzida como “resgate” tem o nítido sentido de um pagamento feito pela libertação de um prisioneiro. Significa que, ainda que haja valor no pagamento em si, a vida do prisioneiro é valiosa a ponto de valer a pena abrir mão de outros bens. Comparados ao prisioneiro que é libertado, o valor do resgate é menor e menos importante. No final das contas, o que o texto diz é que o “ímpio” e o “infiel” não têm o mesmo valor do homem “justo” e “íntegro”. A ideia, que chega a ser dramática, é que, comparado ao justo, o homem ímpio é dispensável. Significa que não é difícil escolher entre os dois e preservar o justo por meio do descarte do ímpio.
É por isso que a história da humanidade está cheia de guerras travadas contra a opressão e em defesa dos inocentes. É por isso também que os órgãos de segurança perseguem com afinco os criminosos a fim de resguardar os direitos e a segurança dos justos. Tudo isso tem um custo altíssimo, mas a sociedade tem convicção de que, por pessoas íntegras, todo o investimento vale a pena. E por mais que os direitos dos criminosos sejam valorizados nos nossos dias, é consenso que o direito dos justos deve ser a meta de qualquer governo. Duas questões, portanto, surgem nesse caso. Em primeiro lugar, pergunte-se se você tem valorizado mais os justos que os injustos do mesmo modo que a sociedade em geral o faz, sem falar no que a própria Bíblia ensina nesse sentido. Em segundo lugar, veja de que lado você está, perguntando-se se você é tido como fundamental e prioritário ou se é alguém que, por causa do seu procedimento, tem sido considerado dispensável. O sábio faz falta onde quer que esteja, mas o tolo não.