“O bom entendimento conquista favor, mas o caminho do infiel é áspero” (Pv 13.15).

Alguém me disse nesta semana que quer ser médico. Na hora, o que me veio à mente não foi a beleza da profissão ou as vantagens que ela pode proporcionar a alguém, mas a dificuldade que é entrar em um curso universitário de medicina. Em vista da alta procura pelo curso, uma parcela muito pequena consegue realizar o sonho de seguir essa carreira. Sendo assim, esse privilégio pertence apenas às pessoas mais preparadas, que se esforçaram mais e que, normalmente, tiveram a oportunidade de acesso a uma melhor educação. No final, podemos dizer que isso não é para todos.

O “favor” dos homens também não é para todos. Apesar de a palavra favor também poder ser traduzida como “graça”, que quer dizer um favor “imerecido”, esse texto fala de um favor que precisa ser merecido e que só os sábios conseguem alcançar. Salomão atrela a obtenção do favor, ou seja, da boa disposição das pessoas para com o sábio, ao fato de se ter um “bom entendimento”. Sinônimo de sabedoria, essa expressão parece apontar para as escolhas sábias que um homem faz com base no conhecimento que concorda com o que Deus chama de sábio e correto. O impacto que tais escolhas têm sobre as pessoas faz com que elas sejam favoráveis ao sábio e este usufrua de bons resultados.

Por outro lado, o tolo, cujo caráter é “infiel” diante de Deus e dos homens, trilha um “caminho” diferente. Ele despreza a sabedoria e teima em fazer tudo do seu jeito, segundo seus desejos e impulsos. É óbvio que as escolhas más feitas por um homem assim também causam impacto ao seu redor. Entretanto, o impacto é negativo e, em vista disso, o resultado também. Por isso, seu modo de agir é “áspero”, assim como o retorno que tem das pessoas com quem convive. Esse não é um bom modo de encontrar favor. E o interessante é que, quanto mais áspera é uma pessoa, mais ela deseja que seus pares lhe sejam favoráveis.