Leitura do dia (para ler a Bíblia inteira em 1 ano):Apocalipse 1 ; Neemias 1–2; Salmo 96
Reflexão do dia:Provérbios 20.8
“Quando o rei se assenta no trono para julgar, com o olhar esmiúça todo o mal” (Pv 20.8 NVI).
Certa escola particular começou a ter problemas com alguns jovens briguentos. Um deles superava em violência e maldade todos os outros. Um dia, ele bateu em um rapaz muito mais fraco que podia ser qualificado como completamente indefeso diante do agressor. Depois de apanhar, o rapaz ferido venceu o medo e procurou a direção da escola, que tinha a obrigação de expulsar o jovem violento. Entretanto, o diretor da escola, sem querer desagradar os pais do rapaz maldoso, que eram muito ricos, alegou não ter como interferir na questão, visto que o conflito ocorreu na calçada da escola e não em seu interior — uma sutileza que não convenceu ninguém. O triste resultado da negligência do diretor foi que, alguns dias depois, o agressor encurralou novamente a vítima e bateu nela até a morte, uma tragédia que podia ser evitada.
A verdade é que uma pessoa responsável por julgar injustiças nunca, nunca mesmo, pode falhar em sua tarefa ou deixar de realizá-la. Para falar sobre o assunto, Salomão se vale da figura do “rei”, falando da ocasião em que ele “se assenta no trono para julgar”. Diferente de hoje em dia, em que temos o poder judiciário independente dos poderes executivo e legislativo, os dias antigos eram marcados pela união dos poderes executivo e judiciário na pessoa do rei. Por isso, além de governar, o monarca tinha também de julgar as questões de justiça dentro do seu reino. Temos na Bíblia o exemplo do próprio Salomão agindo como juiz em sua corte (1Rs 3.16-28). Nessa função, o escritor afirma que “com o olhar” o rei “esmiúça todo o mal”. Com isso, ele quer dizer que o rei tinha o poder de efetuar um julgamento e, por meio de suas prerrogativas, garantir que o direito se estabelecesse e a injustiça fosse punida e banida do meio do povo. Como juiz, ele tinha capacidade e responsabilidade de agir assim.
Parte da lição é dirigida aos homens injustos, alertando-os de que, ainda que se sintam intocáveis em suas práticas maldosas e perversas, podem ser levados à presença de um juiz e sofrer as duras consequências dos seus atos. É um alerta para que temam e deixem a maldade, praticando o bem. Outra parte da lição é dirigida àqueles que têm a responsabilidade de julgar, lembrando-lhes do seu dever e dos custos de não exercerem corretamente sua função. Esse grupo é encabeçado pelos juízes de direito, mas, de certo modo, abrange todos aqueles que têm a responsabilidade de avaliar atos alheios e corrigir erros, sejam autoridades em esferas inferiores, forças policiais, pastores, professores e pais. Eles devem saber que têm responsabilidades sobre certos círculos e que, caso se omitam nesse dever, resultados muito danosos virão à tona. Nesse caso, a inatividade nunca sai de graça.