“O mau se enreda no pecado do falar, mas o justo não cai nessas dificuldades. Do fruto de sua boca o homem se beneficia, e o trabalho de suas mãos será recompensado” (Pv 12.13,14).
Um dito popular afirma o seguinte: “Quando a cabeça não pensa, o corpo padece”. Significa que quem fala inadvertida e precipitadamente certas coisas, acaba sofrendo prejuízos que lhe trazem sofrimento. Isso é tão comum de ocorrer que quem não conhece esse dito, certamente conhece as circunstâncias que ele aponta. Na verdade, os problemas causados pelo uso indevido das palavras é tão comum que Tiago olha para isso como um dos principais problemas do homem: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. [...] A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno” (Tg 3.2,6).
Pensando em algo assim, Salomão diz que o tolo, aqui chamado “mau”, “se enreda no pecado do falar”. Isso tem duas realidades. Uma delas é que ele não consegue evitar ser alvo da prática desse pecado. Seu domínio próprio é fraco, sua sensatez é corrompida e seu temor a Deus inexiste. Por isso, tudo que tem vontade de fazer ele faz. Do mesmo modo, tudo que pensa em dizer, inevitavelmente diz, não importa o que irá acontecer. A segunda realidade é que esse homem não é cativo apenas do pecado, mas das suas consequências desastrosas. Não há como dizer coisas impensadas e precipitadas e não ser atingido pelos efeitos dessa tolice. Palavras que ofendem, que revelam segredos, que causam discórdia, que levantam ideias falsas, que assumem compromissos indesejados e que ferem a moral, assim como pedras atiradas para cima, voltam para atingir o tolo que as lançou.
Por outro lado, “o justo não cai nessas dificuldades”. Ao contrário, ele “se beneficia” das coisas que diz. A razão disso é que ele pensa em tudo que vai dizer e nunca fala imediatamente o que vem à sua mente. Ele também não usa desculpas como “eu sou uma pessoa muito sincera” para dizer o que deveria calar. Na verdade, ele aprendeu, por temor de Deus e pela experiência da vida, a conter o forte impulso de falar na hora tudo que quer e avalia de antemão os efeitos que as palavras podem ter e como elas podem favorecer ou atrapalhar seus objetivos maiores. Ele tem um filtro que o impede de fazer e falar o que quer para dizer apenas coisas que glorifiquem a Deus e sejam boas para a edificação da sua vida e das pessoas ao redor. Se suas palavras são justas e bem pensadas, suas atitudes as acompanham, razão pela qual ele é “recompensado”. Não vou mentir: essa é uma das tarefas mais difíceis de realizar. Mas também é uma das mais produtivas — e é por isso mesmo que quem age assim é chamado “justo”. Você se parece mais com o “mau” ou com o “justo”? Não sabe? Basta ver que fruto você tem colhido das palavras que pronuncia.