“Quem procura o bem será respeitado; já o mal vai de encontro a quem o busca” (Pv 11.27).

É interessante ver como às vezes os homens buscam certos valores pelos caminhos opostos à direção correta. Muitos tiranos que surgiram na história, sendo desprezados em sua mocidade, buscaram pela força alcançar o respeito das pessoas. E não é necessário ser um tirano nas páginas de livros de história para lançar mão desse expediente. Pessoas anônimas fazem o mesmo, quer simplesmente buscando alcançar o oposto do que viveram em seu passado, ou desejando devolver o tratamento rude que receberam. A ironia é que tais pessoas conseguem despertar o medo dos homens e mulheres ao seu redor, mas não seu respeito.

A ironia se torna ainda maior quando Salomão oferece um mapa que aponta para o extremo oposto do caminho escolhido pelos “valentões” para serem respeitados. Em lugar de ensinar a imposição pela força, o sábio rei ensina seus leitores a fazer “o bem”. O tom do provérbio e do capítulo como um todo não deixa espaço para compreender isso como uma busca por um bem pessoal e egoísta, mas sim fazer o que é certo — e que agrada a Deus —, além daquilo que é bom para os outros. O assunto é ainda a generosidade abordada nos três versículos anteriores. O resultado de se agir assim é que esse “será respeitado”, ainda que essa não seja sua busca principal.

Ao contrário, quem busca o mal acaba sendo encontrado por ele. Em oposição à primeira cláusula do versículo, em lugar de ser respeitado pelas pessoas pelo bom e abnegado procedimento, aquele que busca o mal é desprezado por suas próprias escolhas. Mesmo os maiores conquistadores da história, além de geralmente encontrarem um fim trágico, têm seus nomes gravados dentre aqueles que não inspiram respeito, mas medo. É óbvio que isso nos deve levar à reflexão sobre como queremos ser lembrados pelas pessoas ao redor e como queremos que elas se sintam na nossa presença: com medo ou com um profundo respeito?