“Ouçam, meus filhos, a instrução de um pai; estejam atentos, e obterão discernimento. O ensino que lhes ofereço é bom; por isso não abandonem a minha instrução” (Pv 4.1,2).
Quando o famoso missionário Hudson Taylor (1832-1905) viajou pela primeira vez para a China, o barco à vela em que ele estava sofreu uma calmaria próxima da costa de uma ilha de canibais, trazendo grande perigo à tripulação. O capitão veio a Taylor e lhe suplicou que orasse pela ajuda de Deus. “Eu orarei”, disse Taylor, “desde que você primeiro abra as velas do navio para que recebam o vento”. O capitão se recusou a se tornar motivo de chacota por abrir as velas em uma calmaria. Taylor disse: “Eu não vou me comprometer a orar pelo navio a menos que você prepare as velas”. E isso foi feito. Enquanto Hudson Taylor estava empenhado na oração, o capitão bateu em sua porta e lhe perguntou: “Você ainda está orando por vento?”. “Sim”, respondeu Taylor. “Bem”, disse o capitão, “é melhor você parar de orar, pois temos mais vento do que podemos lidar”.
A confiança de Hudson Taylor no pai celestial realmente nos enche de coragem e esperança. Na verdade, Salomão conhecia o sentido da confiança de um filho em seu pai. Ele mesmo confiava no pai celeste, além de também confiar em seu pai terreno, o rei Davi. Essa confiança fez com que Salomão atendesse os conselhos do seu pai e seguisse suas instruções. Agora, com mais idade e experiência, ele mesmo ensina outros filhos a confiar nas instruções paternas, pelo que diz: “Ouçam, meus filhos, a instrução de um pai; estejam atentos, e obterão discernimento”. Diferente de outros trechos, esse provérbio não é endereçado a um filho, mas a todos os “filhos”, o que evidencia uma regra geral: a de que os filhos devem aprender de seus progenitores para se tornarem sábios e aprenderem o que lhes ajudará na vida. Ao mesmo tempo, essa é uma menção que responsabiliza cada pai ao redor do mundo de ser um sábio instrutor de seus filhos.
Sendo assim, Salomão usa a si mesmo como modelo e representante de todos os pais ao dizer que “o ensino que lhes ofereço é bom”. A qualidade do que ele ensinava se devia, em primeiro lugar, ao fato de ter vivido mais tempo que os jovens e adquirido a experiência que lhes falta. Em segundo lugar, o fato de temer a Deus e caminhar com ele lhe provia o entendimento — doutrinário e prático — da vontade do Senhor e do modo de vida adequado aos seus servos. Por isso, munido de tal conhecimento, ele aconselha veementemente todos os filhos a que “não abandonem a minha instrução”. Essa é uma lição muito importante porque os jovens tendem a ser muito autoconfiantes e pouco abertos a orientações externas, especialmente se vierem de seus pais. Mas o caminho da segurança e da sabedoria é confiar primeiramente na instrução de Deus e, depois, no ensino daqueles que o Senhor concedeu para cuidar e guiar os filhos: seus pais. A lição se estende aos pais e os responsabiliza por educar seus filhos de modo sábio, equilibrado, justo e, especialmente, servir de exemplo de temor e serviço a Deus. Desse modo, a vida desses filhos irá sempre de vento em popa.