“Este é o caminho da adúltera: Ela come e limpa a boca, e diz: ‘Não fiz nada de errado’” (Pv 30.20).
Em Bolonha, na Itália, uma prostituta teve sua carteira de motorista apreendida depois de ser pega exercendo sua atividade profissional em seu carro. Por fim, o juiz local devolveu a ela sua licença depois de o advogado da prostituta contestar a razão dada pelo policial para tirar dela sua habilitação, o qual disse: “Ela está levando uma vida escandalosa”. O advogado de defesa, Salvatore d’Errico, argumentou que alguém poderia “dirigir um carro com cuidado e ao, mesmo tempo, levar uma vida escandalosa”. Juridicamente, faz sentido. Mas é impressionante como ninguém mais se espanta nem se escandaliza com uma vida imoral.
É sobre isso que Agur fala nesse versículo. Trata-se de uma sequência dos dois versículos anteriores, mas há uma diferença marcante entre os dois trechos. A semelhança vem da menção das ações pessoais como sendo um “caminho”. A diferença vem, em primeiro lugar, da distinção entre a “moça” do versículo anterior e a “adúltera” desse, não se podendo igualá-las como se fossem a mesma pessoa, visto que a palavra hebraica usada para “moça” a expõe como uma jovem pronta para casar, enquanto “adúltera” é a qualidade da mulher casada que é infiel ao marido. A segunda diferença vem do enfoque sobre a pessoa que peca, pois, enquanto o v.20 se detém nas ações da mulher infiel, o v.19 trata do procedimento do “homem” e não exatamente da “moça”. Por isso, ainda que Agur tenha completado sua figura no versículo anterior, ele aproveita o embalo e adiciona mais um “caminho” misterioso.
Nesse caso, ele trata do “caminho da adúltera”, o qual ele descreve dizendo que “ela come e limpa a boca, e diz: ‘Não fiz nada de errado’”. Duas possibilidades de interpretação dessa cena devem ser levadas em conta. A primeira é a infidelidade dessa mulher ser comparável a um banquete, no qual ela “come” até se fartar. A segunda é a insensibilidade dela de, após adulterar, fazer tranquilamente uma refeição como se nada tivesse ocorrido. Independente de que possibilidade se escolha, o resultado final é o mesmo, a saber, uma mulher “adúltera” dizendo “não fiz nada de errado”. Infelizmente, nossa sociedade atual concordaria com essa mulher e até diria a ela um sonoro “amém”. Por isso, não há época em que seja mais necessária a decisão dos servos de Deus de primar pela moral e por um estilo de vida diferente do mundo, no qual o certo é definido por Deus e o errado também. Afinal, qualquer um pode ser habilitado para dirigir um carro, mas nem todos estão, pela fé em Cristo, habilitados para a vida eterna. Temos de testificar do nosso salvador por meio de uma vida pura!