“Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro. Muitos desejam os favores do governante, mas é do Senhor que procede a justiça” (Pv 29.25,26).
William Lewis Douglas (1845-1924), um famoso fabricante de calçados, começou sua carreira com muitas dificuldades. Certa vez, estando desempregado durante um bom tempo, tudo que lhe restou foi um último dólar. No entanto, ele ofertou a metade desse valor na igreja — cinquenta centavos. Na manhã seguinte, ele ouviu falar de um trabalho em uma cidade vizinha. A tarifa do trem para lá era de um dólar. Aparentemente, teria sido mais sábio se ele tivesse mantido os cinquenta centavos que dera de oferta. No entanto, com o meio dólar, ele comprou um bilhete até a metade do caminho e iria caminhar o restante. Ele saiu do trem e começou a andar na direção do local desejado. Mas antes que tivesse percorrido uma quadra, ele ouviu alguém dizer que a fábrica ali perto estava empregando trabalhadores. Meia hora depois, ele já tinha um emprego com um salário de cinco dólares a mais por semana do que ele teria recebido se tivesse chegado à outra cidade.
A intenção de contar essa história não é encorajar os leitores a fazer grandes ofertas financeiras às igrejas ou tentar obter algum tipo de barganha com Deus, mas lembrar que, enquanto os recursos e a sabedoria humana não podem garantir o bem-estar das pessoas, o Senhor pode e o faz de maneiras que muitas vezes nos surpreendem. Por isso, Salomão alerta aqueles que desejam ser sábios que “quem teme ao homem cai em armadilhas”, nem tanto pelo perigo que os homens representam, mas pelas soluções que são tomadas para evitá-los. Quem pensa que tudo depende de si mesmo, quando se sente acusado diante de outros faz tudo que pode para se livrar, mesmo que seus métodos sejam bastante reprováveis. Alguém pode até dizer que vale tudo para se proteger. O problema é que métodos reprováveis também produzem consequências indesejáveis. Por isso, a melhor decisão está com aquele que “confia no Senhor”, pois ele “está seguro” nas mãos do seu protetor. É óbvio que, para alguém ser beneficiado por tal cuidado, precisa primeiro pertencer a Deus por meio da fé em Cristo.
Outro expediente que os homens utilizam para se proteger dos maldosos e garantir seu bem-estar é procurar “os favores do governante”. Deus, de fato, instituiu as autoridades para que cumpram sua justiça no meio dos homens (Rm 13.4). Porém, os governantes também são falhos e sujeitos ao desvio e à injustiça, de modo que não se podem colocar as esperanças inteiramente nos homens, pelo que Jeremias diz que “maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor” (Jr 17.5). Por isso, o escritor de Provérbios novamente indica o juiz santo como o recurso certo de se buscar em todo tempo, dizendo que “é do Senhor que procede a justiça”, mesmo quando ele se vale de instrumentos humanos para tanto. Por esse motivo, busque sempre o auxílio de pessoas honestas e íntegras, mas coloque toda a sua esperança e confiança no Deus justo que promove verdadeira equidade e retidão. Aí, então, você fará parte de outro grupo citado pelo profeta Jeremias, quando disse que “bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está” (Jr 17.7).