“Não aceite a refeição de um hospedeiro invejoso, nem deseje as iguarias que lhe oferece; pois ele só pensa nos gastos. Ele lhe diz: ‘Coma e beba!’, mas não fala com sinceridade. Você vomitará o pouco que comeu, e desperdiçará a sua cordialidade” (Pv 23.6-8).
O milionário francês M. Foscue, por ser extremamente avarento, escondeu seu tesouro de forma segura em uma caverna cavada em sua adega De tão grande e profunda, ele só podia alcançá-la com uma escada. Na entrada havia uma porta com uma trava automática. Depois de algum tempo, Foscue desapareceu. Buscas foram feitas por ele, mas não adiantou. Por fim, sua casa foi vendida. O comprador começou a reformá-la e descobriu a porta na adega. Descendo, encontrou-o morto, com um castiçal próximo de si. Sua vasta riqueza estava com ele. O milionário aparentemente foi até a caverna e a porta se fechou acidentalmente, trancando-o dentro. Ele morreu por falta de comida, depois de comer a vela do castiçal e de ter roído parte da carne dos dois braços. Assim morreu o avarento no meio do tesouro que ele acumulou.
Essa é uma história dramática, mas muitos avarentos vivem ao nosso redor mesmo sem apresentar tanta excentricidade. Por isso, Salomão chama a atenção do seu leitor novamente para um banquete a ele oferecido. Mas dessa vez, não por uma generosa “autoridade” (Pv 23.1) e sim por um “hospedeiro invejoso”, ou seja, um homem avarento que, enquanto é anfitrião, “só pensa nos gastos” advindos do banquete. Obviamente, ele não tem qualquer prazer em fazer aquele benefício e se sentiria muito melhor economizando o dinheiro gasto para tanto. O rei sábio faz uma leitura interna desse homem e conclui que “ele lhe diz: ‘Coma e beba!’, mas não fala com sinceridade”. Ele preferiria que seus convidados não comessem nada para que sobrasse para os dias seguintes. Assim, a hipocrisia anda de mãos dadas com o avarento, seja ele um bom ou um mau ator.
Diante desse quadro, o escritor orienta o sábio, dizendo: “Não aceite a refeição de um hospedeiro invejoso, nem deseje as iguarias que lhe oferece”. Mas por quê? Pela explicação que ele dá ao final, a descoberta da avareza durante a oferta causaria uma sensação extremamente ruim e nauseante em quem recebe o banquete, a qual ele descreve nos seguintes termos: “Você vomitará o pouco que comeu e desperdiçará a sua cordialidade”. Em resumo, o sábio não deve forçar a bondade de ninguém, pois ela não é realmente bondosa se tiver de ser obrigada. Também não deve receber aquilo que percebe ser dado com tristeza e falta de desprendimento. O próprio Deus não aceita ofertas desse tipo, pelo que Paulo diz que “cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (2Co 9.7). Por outro lado, cuide para você mesmo não se tornar um avarento, pois a porta da ganância pode se fechar por fora, deixando-o preso.