“Não esgote suas forças tentando ficar rico; tenha bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas e voam como águias pelo céu” (Pv 23.4,5).
Certa vez, um jornal publicou um cartoon que mostrava dois campos divididos por uma cerca. Ambos os campos eram aproximadamente do mesmo tamanho e cada um tinha abundância do mesmo tipo de pasto — verde e exuberante. De cada lado da cerca havia uma mula. Curiosamente, cada uma delas punha a cabeça através da cerca para comer o pasto da outra mula. A grama ao redor de cada uma delas era farta e bonita, mas a grama no outro campo parecia mais verde ou mais fresca, embora fosse mais difícil alcançá-la. No processo, as mulas ficaram presas nos arames e não foram capazes de se soltar. O cartunista colocou apenas uma palavra na parte inferior do desenho: “Descontentamento”!
É justamente o descontentamento que impulsiona a ambição desmedida, aquela para a qual nada é suficiente e sempre é preciso mais. Para evitar os arroubos causados por essa impressão tola de que nada é o bastante, Salomão chama seu leitor ao “bom senso”, dizendo: “Não esgote suas forças tentando ficar rico”. Deve-se notar que ele não diz que as riquezas são inerentemente ruins, mas sim sua busca desesperada que leva o homem até o esgotamento. Não é preciso explicar muito tal problema, especialmente em nossos dias, já que vemos muitas pessoas inverterem suas prioridades a ponto de considerar o trabalho e os bens superiores a valores reais e permanentes como Deus, família, moral e honra. Sua busca é por felicidade, pois julgam que o dinheiro pode comprá-la de muitos modos. E mesmo quando alcançam seus objetivos primários, não ficam contentes e querem mais, sempre mais, até que a busca por riquezas deixa de ser um meio e se torna um fim em si mesma.
A ironia é que essa é uma batalha perdida, não porque não se possam alcançar os bens, mas porque nem sempre é possível mantê-los e porque a felicidade que se deseja comprar não está à venda. Por essas razões, o escritor avisa que “as riquezas desaparecem assim que você as contempla”. Literalmente, ele descreve uma situação em que o “olhar voa” até as riquezas, as quais, ironicamente, “criam asas e voam como águias pelo céu”. Com isso, ele pode querer mostrar tanto a possibilidade de as circunstâncias mudarem rapidamente na vida, como a ideia de que a segurança, a paz e a alegria que se desejam comprar a preço de ouro fogem ao domínio mesmo das pessoas mais ricas. O que fazer então? Ser infeliz? Conformar-se com a miséria? Não! A resposta é buscá-las nos lugares certos e dar prioridade aos valores reais. Nesse sentido, Jesus Cristo deve vir em primeiro lugar para qualquer pessoa que almeje ser sábia. Caso contrário, tudo que lhe restará será o descontentamento.